Etec de Ribeirão Pires é premiada por jogo criado com IA

 O JumpAI, jogo interativo para crianças com mobilidade reduzida, criado por trio de alunas da Etec (Escola Técnica Estadual) Professora Maria Cristina Medeiros, de Ribeirão Pires, ficou em 2º lugar na 15ª Feteps (Feira Tecnológica do Centro Paula Souza). Ao todo, 112 projetos foram analisados. Após o destaque, as estudantes Ana Laura Ribeiro, Giovana Rocha e Thifany Garcia projetam disponibilizar a plataforma virtualmente. As informações são do DGABC.

“Foi muito legal ter esse reconhecimento porque significa que nosso projeto foi abraçado pelo público e todo o esforço valeu a pena”, relata Giovana Rocha, 17 anos, moradora do Centro Alto. As jovens, que fazem o curso Informática para Internet da Etec, tiveram a orientação dos professores Cíntia Pinho e Anderson Vanin. 

O programa utiliza a visão computacional, ferramenta de IA (Inteligência Artificial), para que seja possível controlar as ações dos personagens a partir do movimento ocular. “A ideia surgiu a partir do relato da mãe do Gianlucca Trevellin para a nossa professora Cíntia. Ele chorava muito porque via outras crianças jogando. No ano passado, a Etec já tinha feito um projeto, chamado Pisque Aí, com visão computacional. Então, ela perguntou se seria possível criar algo adaptado para o menino”, pontua a estudante Giovana. 

A história do Gianlucca Trevellin já foi contada pelo Diário. Ele foi diagnosticado com AME (Atrofia Muscular Espinhal) com 1 ano e tem baixa mobilidade. Graças à luta da família do garoto, o Ministério da Saúde incorporou, em 2019, o tratamento para a doença com o remédio Spinraza no SUS (Sistema Único de Saúde).

“A visão computacional identifica os principais pontos dos olhos e, conforme a pessoa pisca, o boneco vai pulando na tela. O jogo foi personalizado para o Gianlucca. Ele gosta de astronomia. Então, temos uma etapa sobre o sistema solar. É uma continuidade dos trabalhos que a Etec tem desenvolvido desde 2023, inicialmente com ações para alfabetização de crianças com mobilidade reduzida”, relembra a professora Cíntia Pinho. 

As pesquisas do JumpAI, que fazem parte de projeto de iniciação científica, começaram em março. Além das interações oculares, o trio desenvolveu uma luva para captar os poucos movimentos que Gianlucca tem nas mãos. 

“A mãe dele contou que quando o filho fica muito tempo na frente do computador, os olhos de começavam a lacrimejar porque ele precisava piscar várias vezes. Então, a inovação do JumpAI foi fazer uma luva robótica com sensor de flexão para que quando ele canse os olhos, consiga jogar com os dedos. Deu muito certo.”

INTERAÇÃO 

O JumpAI tem dois modelos de interação, que variam nas fases fácil, médio e difícil. No primeiro, os jogadores precisam fazer contas de adição, subtração, divisão e multiplicação. No segundo, precisam piscar os olhos para desviar dos meteoros e capturar os planetas na ordem correta do sistema solar. 

“A fase dos planetas é a que o pessoal mais gosta de testar. Conforme você pisca, o astronauta vai subindo e descendo na tela. O jogo foi pensado para que a criança aprenda enquanto brinca. Estamos desenvolvendo mais uma etapa para trabalhar com o ensino de cores primárias”, diz Giovana. 

“Agora, queremos deixar o projeto no ar através de um domínio (site) onde os usuários podem acessar o jogo a qualquer momento, basta ter uma câmera. Com isso, será possível fazer testes em larga escala.” 

A 15ª edição da Feteps contou com parceiros que ofereceram outros destaques aos 112 estudos. O Prêmio Minipa foi para o projeto “Ecosynergy: Monitoramento Sustentável”, da Etec Lauro Gomes, de São Bernardo, e o prêmio Movimento Circular contemplou o “Recolhe Aí”, da Etec de Ribeirão Pires.