Mestre Pelé é reconhecido por mais de 45 anos dedicados à cultura afro-brasileira

Foto: Divulgação/ALESP
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo realizou, na última sexta-feira (28), a 22ª edição do Prêmio Zumbi dos Palmares, e um dos nomes que marcou a cerimônia foi o de João Moreira, o Mestre Pelé, referência histórica da capoeira no Grande ABC e símbolo da resistência negra no Estado. Indicado pelo mandato da deputada Marina Helou (Rede), o mestre foi reconhecido por mais de quatro décadas dedicadas à valorização da cultura afro-brasileira e ao enfrentamento das desigualdades raciais.
Funcionário público em Ribeirão Pires, Mestre Pelé consolidou uma trajetória que ultrapassa as fronteiras da cidade. Presidente de honra do Grupo BERIM-BRAS, ele atua há 45 anos na formação de jovens e adultos, utilizando a capoeira como instrumento de disciplina, identidade, cultura e transformação social. Seu trabalho extrapola o Grande ABC e alcança outros países da América do Sul, especialmente o Chile, por meio do projeto Conexão de Capoeira Brasil/Chile, que leva a cultura afro-brasileira para novas gerações fora do país.
A homenagem, uma das mais tradicionais da Alesp no mês da Consciência Negra, destacou justamente o papel de mestres, líderes e ativistas que constroem, muitas vezes de forma silenciosa, caminhos de inclusão e fortalecimento da identidade negra. “O prêmio é tão importante quanto a própria luta, afinal nossas histórias muitas vezes são invisibilizadas”, afirmou a deputada Leci Brandão (PCdoB), reforçando a relevância de reconhecer figuras como Pelé.
Ao longo da cerimônia, deputados e lideranças do movimento negro ressaltaram a necessidade de celebrar conquistas, mas também a urgência de seguir avançando. Para o coordenador do SOS Racismo, Jorginho Saracura, o reconhecimento público é fundamental em um cenário onde o racismo institucional ainda impõe barreiras no acesso à educação, saúde, trabalho e participação política. “Embora avançamos bastante, ainda temos muito que conquistar”, disse.


