Idosa de 81 anos com enfisema pulmonar é liberada da UPA e sofre parada respiratória em casa

Mesmo em estado grave, idosa foi liberada por médico da UPA Santa Luzia. Na manhã seguinte, sofreu uma parada respiratória e foi levada entubada pelo SAMU para outra cidade, onde segue internada.

Idosa está intubada e aguarda vaga pelo CROSS. Foto: DiárioRP

Uma moradora do bairro Estância Noblesse, em Ribeirão Pires, de 81 anos e portadora de enfisema pulmonar, foi internada em estado gravíssimo após, segundo familiares, ter sido liberada de forma negligente da UPA Santa Luzia no domingo (22).

De acordo com o relato da família, a idosa deu entrada na unidade com sintomas de insuficiência respiratória. O médico plantonista teria receitado apenas uma bombinha para aliviar os sintomas e liberado a paciente para retornar para casa, sem a utilização de oxigênio, observação mais prolongada ou encaminhamento hospitalar, mesmo diante do estado grave apresentado.

Em setembro de 2024, o Hospital São Lucas – Unidade Santa Luzia foi inaugurado com a presença da imprensa regional e convidados da cidade. Apesar disso, moradores de Ribeirão Pires continuam precisando recorrer a hospitais de municípios vizinhos. Segundo relatos, pacientes seguem sendo tratados com negligência na UPA de Ribeirão Pires.

Na manhã de segunda-feira (23), a idosa sofreu uma parada respiratória. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, e, ao chegar ao local, encontrou a paciente em estado crítico. Ela foi intubada ainda em sua residência e, segundo familiares, levada em estado grave para a UPA Vila Magini, em Mauá.

A família contesta a decisão do SAMU de encaminhar a idosa para outra unidade de pronto atendimento em vez de um hospital com suporte intensivo. “Minha mãe tem 81 anos, é portadora de enfisema e estava com extrema dificuldade para respirar. Levaram ela para outra cidade, para uma UPA, onde não há suporte adequado. Ela não podia ter sido tratada como um caso comum. Foi levada para morrer”, desabafou a filha, visivelmente abalada.

A paciente segue internada, intubada, e aguarda transferência pelo sistema estadual de regulação (CROSS) para um hospital com suporte intensivo.

A família registrou boletim de ocorrência e cobra apuração dos fatos. Eles alegam falha tanto da equipe médica da UPA Santa Luzia, por ter liberado a paciente sem os cuidados adequados, quanto da conduta do SAMU, por não ter a encaminhado diretamente para um hospital com capacidade de atendimento a pacientes com insuficiência respiratória grave e comorbidades.

Questionamos a Prefeitura de Ribeirão Pires sobre o caso, mas não houve retorno até o fechamento da reportagem. Também entramos em contato com a Prefeitura de Mauá sobre a atuação do SAMU, que em nota respondeu:

Em relação ao atendimento prestado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a uma paciente de 81 anos, ocorrido na última segunda-feira, 23 de junho, informamos que todas as decisões clínicas e de encaminhamento foram tomadas com base na análise da rede de urgência e emergência disponível naquele momento, priorizando a segurança e estabilização da paciente.

Na ocasião, a UPA de Ribeirão Pires encontrava-se superlotada, sem disponibilidade de leitos adequados para receber pacientes em estado crítico. O Hospital Nardini, por sua vez, também apresentava alta demanda, o que impossibilitava o acolhimento imediato da paciente.

Diante desse cenário e da gravidade do quadro clínico, a equipe do SAMU adotou a conduta mais segura e adequada: realizou a intubação da paciente em sua residência e procedeu com o encaminhamento para a UPA Vila Magini, unidade apta a realizar atendimentos de alta complexidade, com estrutura adequada para suporte avançado de vida, incluindo sala vermelha equipada para estabilização de casos graves.

A paciente foi prontamente acolhida na UPA Vila Magini, estabilizada e permanece internada em leito da sala vermelha, com acompanhamento contínuo e todos os recursos necessários. O caso já se encontra regulado no sistema CROSS, com solicitação ativa de vaga em unidade de terapia intensiva (UTI).

Reiteramos que todo o atendimento foi realizado em conformidade com os protocolos assistenciais vigentes, visando preservar a vida da paciente e garantir sua transferência segura para unidade hospitalar de maior complexidade assim que houver vaga disponível.