Mãe recorre à rede particular após falhas em atendimento infantil na UPA

Após visitas à UPA e sem melhora no quadro do filho, mãe do Jardim Valentina recorre a consulta particular e denuncia falhas no atendimento público infantil.

Gasto com consulta particular para o filho chegou a aproximadamente R$ 435,00. Foto: arquivo pessoal

Após enfrentar dois dias com febre alta e passar por duas unidades da UPA, uma mãe moradora do Jardim Valentina, em Ribeirão Pires, decidiu procurar atendimento particular para conseguir diagnóstico e tratamento adequados para seu filho de 1 ano e 4 meses. O caso ocorreu entre os dias 16 e 17 deste mês, quando a criança apresentou febre de até 39,6°C.

Segundo relato da mãe, a primeira ida à UPA Santa Luzia ocorreu na tarde do dia 16, quando o menino foi diagnosticado com inflamação na garganta e no pulmão. O médico que o atendeu aplicou dipirona intravenosa e receitou ibuprofeno e dipirona oral para administração em casa.

Sem melhora e com a febre persistente, a mãe retornou à unidade por volta das 22h, sendo atendida por uma segunda médica, que ofereceu como alternativas de tratamento a aplicação de Benzetacil ou uso de medicamentos. Ao questionar qual opção seria mais eficaz, a profissional respondeu que ambos teriam o mesmo efeito, ela que escolhesse qual tratamento queria. A mãe optou pela injeção.

Horas depois, ao notar bolinhas no rosto e nas mãos da criança — sintomas semelhantes aos do vírus mão-pé-boca, que o menino já havia contraído anteriormente —, ela tentou retornar para esclarecer a suspeita. Após mais de uma hora de espera sem atendimento, pediu ajuda na recepção e foi atendida. Segundo a mãe, a médica afirmou que esse tipo de doença só ocorre uma vez por ano, o que causou ainda mais insegurança.

No dia seguinte, sem melhora no quadro da criança, a mãe buscou atendimento na UPA de Rio Grande da Serra. Apesar de relatar a situação e solicitar exames como raio-X, foi informada na triagem de que não havia necessidade. O médico, por sua vez, explicou que não poderia receitar antibiótico, pois o menino já havia recebido Benzetacil no dia anterior, mantendo apenas a prescrição de ibuprofeno e dipirona.

“Saí da consulta desesperada. Ninguém dava atenção, ninguém solicitava exames. Liguei para minha mãe e ela sugeriu pagar uma consulta particular, pois não podia mais ver meu filho assim”, contou.

A criança foi então levada ao Hospital Ribeirão Pires, onde passou por exames de imagem, como raio-X de tórax e face, ultrassom, entre outros procedimentos. O hemograma da criança também apresentou resultado alterado, exame que não foi realizado durante o atendimento na UPA. Após a análise dos exames e dos sintomas, a médica responsável diagnosticou sinusite, prescreveu o antibiótico adequado e iniciou o tratamento com acompanhamento.

Segundo a mãe, o filho apresentou melhora significativa após o início da medicação. Ela afirma ter gasto cerca de R$ 435,00 em consultas e precisou utilizar transporte por aplicativo mais de seis vezes, com alto custo.

“Sou muito grata à equipe que atendeu o Matteo naquele dia (17) no Hospital Ribeirão Pires. Eles trabalham à noite e a doutora também. Fiquei espantada com o carinho e o cuidado que eles têm com as crianças de lá”, afirmou.

“Fiquei muito decepcionada com a qualidade do atendimento na UPA. Sei que não podemos generalizar, mas pagamos tantos impostos e o mínimo que merecíamos era um atendimento que tentasse resolver o problema da melhor forma. Não sei o que teria acontecido se eu tivesse voltado para casa com meu filho”, concluiu.

A criança passa bem.