O Dia do Jornalista

A Associação Brasileira de Imprensa, que neste 7 de Abril comemorou 110 anos de existência, festeja na mesma data o Dia do Jornalista. Muitos dirão que não existem motivos para que essa efeméride seja celebrada. Nos últimos anos, os profissionais de imprensa perderam a expressão política e social que possuíam no passado, além de sofrerem um achatamento salarial que tentou abastardar a atividade jornalística.

Antigamente, os repórteres casavam-se literalmente com a profissão. Ao deixarem o trabalho, peregrinavam por bares e bilhares, até os casados só apareciam em casa para dormir. Aquele jornalismo romântico ainda sobrevive nos cantos escuros do passado de quem frequentou as ruidosas redações, enevoadas pelas fumaças dos cigarros, onde todos falavam alto por causa do barulho das máquinas de escrever.

Com o passar dos anos, o ofício também se proletarizou. A imprensa escrita, a maior vítima dos novos tempos, perdeu musculatura e seus melhores quadros. Os jornais agonizam lentamente, como barcos à deriva, com o advento das tecnologias digitais. A essa tragédia anunciada se acrescentou outra ainda mais impiedosa. Nunca os jornalistas foram tão perseguidos como na imprensa contemporânea. Não há registro na nossa história recente de tantas ofensas, agressões e manifestações de intolerância política contra o exercício da profissão como nos dias de hoje.

Uma das principais características do fascismo é silenciar o outro para evitar que exerça o papel de espelho. Apesar das incompreensões, ódios e paixões, o jornalista permanece fiel ao seu compromisso de levar a informação ao grande público. Com a mesma volúpia dos amantes, ele continua entregando-se de corpo inteiro ao seu ofício como na época daquele concubinato consentido, quando chegava em casa de madrugada, com pés de lã, apenas para dormir. Parabéns a todos os jornalistas de Ribeirão Pires e região pela luta diária.