Entrevista com Leonardo Conceição – um dos animadores de O Menino e o Mundo ( indicado ao Oscar)

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Simplicidade, sofisticação, beleza e originalidade: estes são apenas alguns aspectos do filme que vou indicar. E não se trata de nenhuma estreia. O filme já estreou, é sucesso de crítica, recebeu vários prêmios importantes, como o Prêmio Cristal e o Grande Prêmio do Público do Festival de Annecy, na França (simplesmente a premiação mais importante na categoria Animação!), foi aclamado nacional e internacionalmente, além de concorrer ao Oscar 2016 na categoria de Melhor Animação, ao lado de Divertida Mente, da Pixar.

Mas, por que indicar um filme que já estreou?  Bom, vou citar pelo menos três boas razões:

Primeira: O Menino e o Mundo é um filme nosso, brasileiro. Uma produção independente que contou com apenas meio milhão de dólares para ser feito e, mesmo assim, concorreu ao Oscar com produções milionárias. Para ter ideia, a produção de Divertida Mente contou com 170 milhões de dólares!

Segunda: a mensagem é extremamente inteligente, sensível e atual. Utilizando várias técnicas artísticas, acompanhadas por uma trilha sonora primorosa, o diretor, Alê Abreu, convida o espectador a olhar para o mundo moderno sob o ponto de vista do Menino, que, triste e desolado com a ausência do pai, deixa sua aldeia e descobre um mundo novo, fantástico, muitas vezes assustador.

A terceira razão, tão boa e importante quanto as outras: um dos ilustradores responsáveis por todo esse sucesso vive aqui pertinho da gente, em Ribeirão Pires. Leonardo Conceição é desenhista, ilustrador e animador, e me contou um pouco sobre sua experiência no filme.

“Lá fora o filme foi visto como uma obra-prima. É sobre um menino que não tem um local nem uma língua específica – se tem som, é uma coisa enrolada – e, por trás das cores, dos traços do Alê e de muita coisa ali, tem muito do Brasil. Antes de você ver a língua ou a qualidade, vai ver o Brasil. E ver o Brasil sob outro ponto de vista, que, artisticamente, está num nível elevadíssimo. Toda a produção é feita a partir de traços de giz de cera, como se fosse uma criança contando uma história. E de colagens: pedaços de cartolinas, de revistas que você corta, escaneia, faz o processo de colagem digital. E tudo isso cria uma sensação de algo feito a mão. O mais legal é ver que esses recortes têm a ver com a nossa mistura. Somos uma sociedade toda recortada, reconstruída, com culturas e cores diferentes formando esse painel interessante”. diz Leonardo.

“Outra coisa que achei muito legal é que o Alê chamou grandes nomes nacionais para compor a trilha, como os músicos Emicida, Naná Vasconcelos e Barbatuques, valorizando ainda mais os artistas daqui”. completou.

Ficou curioso? Então prepare a pipoca, e bora prestigiar o que é nosso!