A CBF e a dificuldade em deixar o passado

Banner Ricardo

A cada dia o interesse do povo brasileiro pela Seleção é menor. Aquele orgulho de outrora ao ver a camisa amarela mais famosa do mundo entrar em campo já foi deixado de lado. Hoje, muitos torcedores tratam os jogos com desdém, o Brasil em campo deixou de ser relevante. Alguns chegam a torcer contra, mas não por serem do contra ou querer chamar a atenção. É totalmente o contrário. Esperam melhoras, mas não se veem representados por uma CBF com várias denúncias de corrupção e com um sistema de gestão de futebol totalmente arcaico.

A entidade máxima do esporte brasileiro não aprendeu nada com a goleada sofrida contra a Alemanha na Copa de 2014. Quando a esperança de que algo poderia mudar, de que poderíamos aprender com aqueles que, no passado, éramos nós quem ensinávamos. Mas, não foi o que aconteceu. A soberba de ser o único país pentacampeão mundial ainda cega quem comanda o futebol. Acham que tudo vai ficar bem, que o 7 a 1 foi apenas uma mancha – e que mancha –  na história da seleção e que logo levantaremos outra taça. Craques nós ainda temos. Ótimos e bons jogadores capazes de compor um time, que no mínimo, não passe vergonha. Mas o orgulho com que olhamos o passado para justificar o presente, é o que causa os vexame de agora e os de amanhã.

O Brasil vai contra tudo o que se prega no futebol hoje em dia. Gestão moderna, torneios rentáveis e que atraiam os torcedores, incentivo à formação de novos craques, de transformar os jogos em espetáculos modernos, com atrativos além da partida. Temos uma dificuldade gigante de olhar para o óbvio. Nada mais atrai o povo para voltar a vestir o manto verde e amarelo com orgulho novamente. Muito pelo contrário. Por vezes, os jogos do Brasil causam raiva em milhares de torcedores. Porque a CBF simplesmente ignora as datas FIFA (dias de amistosos entre seleções ou eliminatórias da Copa), e os times ficam sem os principais jogadores. Como torcer por algo desorganizado?

Muitos colocam o Dunga como principal culpado pela atual fase da Seleção, como é, mas é longe de ser o mais responsável. Ele não teve nenhum bom resultado pós-Copa de 2010. Não fez nada de relevante ou que justifique o retorno ao comando do time brasileiro em 2014. Indo um pouco mais atrás para justificar o presente. Os retornos de Parreira e Felipão – os últimos técnicos campeões mundiais – à Seleção antes da Copa do Mundo do Brasil, demonstra como a CBF gerencia o futebol pensando no passado.

Um sexto lugar nas eliminatórias, um futebol ruim e um padrão tático que não existe, jogadores que brilham nas equipes em que jogam, mas são colocados em posições totalmente diferentes quando estão representando o país. A CBF aos poucos leva o Brasil ao fundo do poço, e de lá, não é possível olhar para trás. A única visão é uma luz distante e que parece ser impossível de ser alcançada, mas é o único caminho possível para voltar ao topo. Talvez, este seja o destino da Seleção e do futebol brasileiro, para um dia, quem sabe, voltar a encher a torcida de orgulho.