Circuito Sesc de Artes: Teatro da melhor qualidade para Ribeirão Pires

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“Nóis se rega e tudo vira fulô!”

Inspirada pela notícia, não consigo parar de poetizar! No dia 1º de abril, o mundo se abrirá em flor na Praça do Doce, em Ribeirão Pires – e não é mentira. O Circuito Sesc de Artes 2016 trará o espetáculo musical “Cante Lá Que eu Canto Cá”, da Cia do Tijolo, de São Paulo, inspirado na vida e obra do poeta Patativa do Assaré. No show, ou sarau literário, palavras declamadas são regadas por canções de autores como Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Sivuca, Nelson Cavaquinho e Elomar, que por sua vez também tem suas canções regadas pelas palavras do poeta nascido no sertão do Ceará. Ou seja: tudo se rega e faz florescer! Vale dizer que a Cia do Tijolo surgiu, justamente, pelo desejo do seu fundador, Dinho Lima Flor – rimou! -, de criar um trabalho sobre a vida e a obra do, não só poeta, mas compositor, improvisador e cantador – encantador do nosso nordeste. Foi a partir do primeiro contato com a produção literária do mestre Patativa que brotou o perfumado “Cante Lá Que eu Canto Cá”, que em 2009 inaugurou o Teatro Patativa do Assaré, no Sesc Juazeiro, em Juazeiro do Norte, ao mesmo tempo em que fazia sua estréia. “Fomos batizados em águas profundas…”, poetiza Dinho.

Quer significado mais poético que esse?

“Cante Lá Que eu Canto Cá” é a matéria prima de outro espetáculo que veio a florescer tempos depois: “Concerto de Ispinho e Fulô”, com direção de Rogério Tarifa. Esse espetáculo seria um “abraço mais alargado do Cante Lá”, acrescenta Dinho.

O que aconteceu foi o seguinte: Na medida em que mergulhavam no universo do poeta, perceberam a necessidade de se aprofundar ainda mais na complexidade de sua obra. Encontraram um norte nas concepções de outra personalidade inspiradora: Paulo Freire e sua pedagogia do oprimido. Para quem não sabe, Patativa estudou durante seis meses, apenas. Mesmo assim, desenvolveu de maneira ímpar seu pensamento, sua poética e sua estética, influenciando gerações. “Patativa representa o rural tosco e delicado. Tosco no melhor sentido, no sentido de curvilíneo, de torto. Na vida, os caminhos não são retos e ele amplia ainda mais essa visão curvilínea”, poetiza mais uma vez o fundador da Cia do Tijolo. (Afinal, tem como falar sobre Patativa sem poetizar?)

“É daí que nasceu o nome da Cia. do Tijolo. O primeiro passo no processo de alfabetização do método criado por Paulo Freire é o levantamento do universo vocabular dos grupos com que se trabalha; são palavras ligadas às experiências existenciais, profissionais e políticas dos participantes dos diferentes grupos. Foi assim que em Brasília, cidade ainda em construção nos anos 60, surgiu entre os estudantes de Paulo Freire a palavra TIJOLO”, diz Rodrigo Mercadante, diretor geral do espetáculo.

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O elenco é composto pelos atores Dinho Lima Flor, Rodrigo Mercadante, Karen Menatti, Fabiana Barbosa e pelos músicos: Maurício Damasceno (viola caipira e violão), Aloísio Oliver (acordeão) e Marcos Coin (violão).

O Circuito Sesc de Artes – Conectando lugares e circulando ideias acontecerá entre os dias 1º e 24 de abril, todos os finais de semana, em 114 cidades do interior, litoral e Grande São Paulo, incluindo a capital. O intuito é levar diversas manifestações artísticas de música, dança, teatro, circo, cinema, artes visuais e literatura para espaços públicos que não possuem unidades do Sesc, como praças, ruas e parques.

Em Ribeirão Pires as apresentações acontecem no dia 1° de abril, na Praça Central Ernest Solvay – Praça do Doce, das 16 às 21h30.

Mais informações pelo site sescsp.org.br/circuitosescdeartes

E tenham um ótimo espetáculo!


Sobre Ariana Slivah:

Ariana Slivah é atriz formada pela Universidade São Judas Tadeu e Grupo de Estudos do Tapa, em São Paulo. Durante dois anos trabalhou como jornalista freelancer na Editora Abril, dentro da área do jornalismo econômico. Atualmente, além de atuar no palco, trabalha como arte-educadora em escolas e no seu “Núcleo de Experimentação Artística”, recém-inaugurado na cidade de Ribeirão. Também é pesquisadora, professora e dançarina de danças árabes, onde tem por base de trabalho, a linguagem teatral.