Auditor fiscal de Ribeirão Pires é apontado como ‘cérebro’ de esquema bilionário de propinas

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Operação do Ministério Público de São Paulo prendeu também o fundador da Ultrafarma e o diretor da Fast Shop; prejuízo aos cofres públicos ainda não foi calculado.

O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, morador de Ribeirão Pires, foi preso nesta terça-feira (12) durante operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e é apontado como o “cérebro” de um esquema de corrupção que teria movimentado cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde maio de 2021.

Segundo as investigações, o grupo manipulava processos administrativos para reduzir indevidamente obrigações fiscais de empresas em troca de pagamentos ilícitos. O esquema envolvia a coleta de notas fiscais, a solicitação de ressarcimento de créditos de ICMS, o acompanhamento e até o deferimento dos próprios pedidos, permitindo que o auditor controlasse todo o processo.

Entre os presos estão o fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, e o diretor estatutário da Fast Shop, Mário Otávio Gomes. No caso da Ultrafarma, o auditor tinha acesso ao certificado digital da empresa para efetuar e aprovar os pedidos de ressarcimento.

O MP destacou que a investigação começou após identificar a evolução patrimonial “absolutamente incompatível” da Smart Tax, empresa registrada em nome da mãe do auditor, cuja sede fica em um endereço de Ribeirão Pires. Segundo os promotores, o local é “fantasma” e não possui capacidade para prestar serviços de assessoria tributária. Até meados de 2021, a empresa não tinha atividade operacional, mas no segundo semestre daquele ano passou a receber pagamentos da Fast Shop.

A operação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em diversos endereços, incluindo a residência de Artur, em Ribeirão Pires, onde foram encontrados valores em espécie e joias. Outros imóveis ligados aos investigados também tiveram apreensões, como pacotes de esmeraldas, R$ 330 mil, US$ 10 mil (cerca de R$ 54,2 mil) e 600 euros, além de máquinas de contar dinheiro.

Os suspeitos poderão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo informou que instaurou processo administrativo para apurar a conduta do servidor e solicitou ao MP o compartilhamento das informações do caso.