

Animal morreu em menos de dez minutos; tutora desconfia de envenenamento com chumbinho e registra boletim de ocorrência.
Moradora encontrou pedaços de salsicha com suspeita de chumbinho. Foto: Arquivo pessoal
Uma moradora da Rua Espanha, no Jardim Alvorada, viveu mais um momento de dor na noite de sexta-feira (25) após perder, pela segunda vez, um gato de estimação vítima de envenenamento. Segundo relato, o animal morreu em menos de dez minutos, sem tempo sequer para ser levado ao veterinário.
De acordo com a tutora, o felino havia saído brevemente para o quintal, onde costumava usar a caixinha de areia. Pouco tempo depois, ela ouviu um barulho forte. Ao abrir a porta, o gato entrou cambaleando, já em estado crítico. “Eu estava jantando, ouvi ele miar, abri a porta e ele já entrou desesperado. Tirei minha neta para ela não ver, ele era o xodó dela. Logo depois, ele vomitou e caiu. Não deu nem tempo de socorrer”, contou, emocionada.
Este é o segundo caso semelhante enfrentado pela família. No ano passado, outro gato foi envenenado. Na ocasião, o animal chegou a ser internado por três dias em uma clínica veterinária, mas não resistiu.
A moradora suspeita que alguém próximo esteja cometendo os envenenamentos. “Eles não fazem mal a ninguém, são só amor. É covardia isso que estão fazendo com os bichinhos”, lamentou.
O médico veterinário Anderson Laureano, da Veterinária Central, confirmou se tratar de uma prática cruel, infelizmente ainda recorrente. “É uma morte cruel. Infelizmente, ainda nos dias de hoje presenciamos casos de intoxicações em cães e gatos causadas por humanos. O principal produto utilizado é o aldicarb, popularmente conhecido como chumbinho. A comercialização desse produto é proibida no Brasil, mas ele ainda é encontrado ilegalmente”, explica.
Segundo o profissional, o aldicarb é um agrotóxico usado na agricultura para controle de pragas, mas extremamente perigoso para animais domésticos. “Ele age hiperestimulando o sistema nervoso central e periférico, causando salivação intensa, tremores, convulsões, e pode levar ao óbito em poucos minutos. É inodoro, sem gosto e de rápida absorção intestinal. Por isso, o atendimento deve ser imediato”, orienta.
O veterinário alerta que em casos suspeitos não se deve oferecer leite, água ou alimentos e nem induzir vômitos, pois isso pode agravar o quadro clínico e até causar pneumonia por aspiração. “A melhor prevenção ainda é evitar o acesso dos pets à rua e manter vigilância no ambiente doméstico”, afirma.
O envenenamento de animais é crime, conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98). Em 2020, a legislação foi atualizada pela Lei nº 14.064, que aumentou a pena para maus-tratos contra cães e gatos: de dois a cinco anos de prisão, além de multa e proibição de guarda. A pena é agravada se houver a morte do animal.
A moradora pretende registrar um boletim de ocorrência e analisar imagens de câmeras de segurança próximas à sua residência para tentar identificar o responsável. Casos como este podem ser denunciados à Polícia Civil, à Polícia Militar ou ao Ministério Público.
