A técnica genética inovadora que reverteu o câncer terminal de um paciente no início de outubro deste ano, chamou a atenção de todo o Brasil nas últimas semanas. Mas, os munícipes de Ribeirão Pires tem um motivo a mais para comemorar.
Uma das pessoas responsáveis pela pesquisa, cresceu e cursou todo seu ensino fundamental e médio na cidade.
Amanda Mizukami, 34, é graduada em Química com mestrado em Biotecnologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Em 2016, ingressou no Pós-Doutorado na Universidade de São Paulo (USP).
Com o desenvolvimento de seu projeto de mestrado, houve a parceria firmada com o Hemocentro de Ribeirão Preto, abrindo portas para que Amanda participasse de um programa voltado para a área de células-tronco.
“Decidi continuar no Hemocentro de Ribeirão Preto em virtude das experiências positivas e enriquecedoras que vivi ao longo do meu doutorado.”, afirmou a pesquisadora que ingressou após a decisão, no projeto de imunoterapia, pioneiro no Brasil.
Além de todo seu conhecimento adquirido no Brasil, em 2018, Amanda trabalhou como pesquisadora no Seattle Children’s Institute, nos Estados Unidos, a fim de aprender mais sobre a tecnologia utilizada no tratamento. Outros dois pesquisadores da USP fizeram o mesmo.
O tratamento usa de células modificadas em laboratório, para combater células cancerígenas de linfoma. A técnica foi aplicada no início de setembro, no aposentado Vamberto de Castro, de 64 anos.
De acordo com os médicos, o paciente já estava em estágio terminal e havia passado por quatro tipos diferentes de tratamento sem obter resultados. Após aproximadamente 20 dias de início do novo tratamento com as chamadas células T- CAR, Vamberto apresentou a regressão das células cancerígenas e recebeu alta.
“Foi muito emocionante ver a melhora do paciente. Esperávamos obter um bom resultado, mas não desta magnitude. Todo esforço e trabalho árduo valeram a pena naquele momento.” comemorou Amanda.
O procedimento já é utilizado nos Estados Unidos, China e Europa, porém, com a tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores da USP, o custo foi reduzido para menos de 10% do valor cobrado no país americano.
Para Mizukami, a expectativa é de conseguir atrair investimentos em pesquisa para que outros pacientes, inclusive com outros tumores, possam ser beneficiados. Salienta ainda que o resultado promissor obtido com Vamberto é fruto do trabalho de uma equipe competente, apoiada financeiramente por agências como Capes, CNPQ, Fapesp e Ministério da Saúde.
Quando questionada sobre qual seria seu incentivo aos munícipes de Ribeirão Pires, principalmente os jovens, Amanda aproveitou para frisar a importância da educação:
“Eu diria que a educação é o único caminho para nos tornar vencedores. Muitas vezes, o acesso à faculdade parece distante, como para mim já pareceu. Quero dizer aos jovens que estudem e batalhem! Certamente o resultado virá. Não apenas financeiramente, mas pela realização pessoal de fazer algo importante para a sociedade. Lutem, cresçam e façam um mundo melhor!”, finalizou.