Por que apenas não apreciamos as lendas?

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A mesma pergunta que dei como título desta coluna, a repito: Por que apenas não apreciamos as lendas? Qual é a dificuldade que muitos de nós, apaixonados pelo esporte, temos? É ver que algum atleta atual está quebrando as marcas deixadas por heróis do passado? Ora, mas os recordes foram feitos para serem quebrados. Outros nascem querendo superar aqueles que viram e aprenderam a admirar.

LeBron James e Stephen Curry são os maiores exemplos atuais disso. The King chegou a SEIS FINAIS seguidas da NBA, sendo sete nos últimos 10 anos. No mesmo período, outro jogador que chegou à finais em sequência foi Kobe Bryant, com três e conquistou dois títulos, tendo chegado a sete decisões durante toda a carreira. “Mas LeBron só tem dois títulos”, “James sempre amarela nas horas decisivas” são tantos outros “mas”, “poréns”que chegam a ser um tanto chatos – faço um mea culpa e admito que já estive neste grupo -. Quantos jogadores na história da NBA fizeram isso? Quantos? Pouquíssimas. Muitas das lendas nem campeões foram, Karl Malone e Allen Iverson são belos exemplos. Só Jordan teve uma dominância tão grande sobre a liga. Mas comparar o atual ao passado é praticamente uma ofensa aos saudosistas e seja dita a verdade, muitos destes nem viram as lendas do passado jogar.

E quando os Golden State Warriors estavam prestes a quebrar o recorde dos Bulls de MJ23? “Fãs” do esporte que chegaram a torcer contra o time da Califórnia só para não quebrar uma marca de uma lenda, e na opinião de muitos, do maior jogador de basquete de todos os tempos. “Curry só arremessa de três”, “Stephen desaparece nos momentos decisivos”, “Curry é jogador produzido pela mídia”, e qual destas lendas não foram alvos dos meios de comunicação que engrandeceram seus feitos? Jordan foi assim, Shaquille O’Neal, Kobe Bryant, Magic Johnson, LeBron James (que antes de entrar na liga, já recebeu a alcunha de “The King”), todas as lendas que souberam vender o seu produto, foram “produzidas” pela mídia. Curry ainda tem muito a provar. São dois anos quebrando recordes. Vitórias em uma temporada, maior números de arremessos para três pontos convertidos, maior sequência com apenas um arremesso para três pontos convertidos em partidas da NBA e várias outras marcas.

Levando para o futebol, Messi e Cristiano Ronaldo sofrem da mesma maneira. Neymar é julgado por não ser um “Ronaldo”, “Pelé”, “Rivellino”, etc. Mas será que o problema não somos nós, que colocamos expectativas enormes em jogadores com potenciais absurdos ou apenas queremos ser do contra e mostrar que vamos contra a opinião da maioria? As vezes, ser o “diferentão” não quer dizer que conhece mais sobre o esporte, muito pelo contrário.

É preciso sim ter um lado crítico, perceber as falhas destes e não ser somente um dispositivo que absorve tudo aquilo que “vendem” para nós. Porém, é preciso também saber equilibrar as coisas. Precisamos aproveitar mais as lendas enquanto podemos vê-las. Elas não aparecem com muita frequência.