A vitória do Corinthians sobre o Capivariano pelo Paulistão – o terceiro triunfo seguido do time paulista -, na última quinta-feira(11), deveria ser o principal assunto sobre a partida. Mas uma atitude para lá de infeliz dos policiais militares que faziam a segurança da partida tomou as atenções sobre o jogo.
Durante o intervalo da peleja, torcedores da Gaviões da Fiel decidiram protestar de maneira pacífica contra alguns assuntos relacionados ao time. Faixas começaram a ser exibidas e demonstravam, dentre alguns temas, a insatisfação da torcida com os horários das partidas do meio de semana, geralmente disputadas às 21h ou 22h. A PM então, decidiu intervir. Houve confronto entre torcedores e oficiais. A organizada divulgou uma foto de um corintiano que teria sido ferido durante o confronto. Confronto, por conta de um processo pacífico, que é direito de qualquer cidadão.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o major da Polícia Militar Luiz Gonzaga, disse que os oficiais agiram de acordo com o Estatuto do Torcedor, que afirma que ninguém pode entrar no estádio com faixas ou cartazes que fujam do âmbito esportivo. O artigo que a PM se baseia para defender a ação é o A-13, inciso quarto, que informa que os torcedores não devem “portar ou ostentar cartazes, bandeiras ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo”. A frase da faixa era: “Rede Globo, o Corinthians não é o seu quintal.” Cadê a ofensa? Onde estão os comentários racistas ou xenófobos?
Esqueceram de avisar ao major que o direito de protestar é garantido pela Constituição Federal e que ninguém tem o direito de intervir, desde que seja feito de maneira pacífica. É um direito de qualquer cidadão brasileiro. Seja ele torcedor, engenheiro, médico, faxineiro, o que for. A Polícia errou feio.
Na semana passada, torcedores do Liverpool deixaram o estádio antes do fim da partida contra Sunderland para protestar contra o aumento de ingressos. Uma faixa dizia: “Futebol sem os fãs não é nada”. O resultado? A diretoria dos Reds acatou o pedido da torcida e congelou o preço das entradas. Ninguém saiu ferido. Prevaleceu o bom senso de todas as partes.
Por aqui a realidade, infelizmente, é outra. Não é só dentro das quatro linhas que o futebol precisa se modernizar. Não são só dirigentes e jornalistas que precisam se atualizar. Não são só os organizados que precisam ser controlados. A Polícia também faz parte do espetáculo, garantido os direitos de cada um dos torcedores. Inclusive o de protestar de maneira pacífica e segura.