Grupo relata falta de medicamentos, espaço precário, ausência de leitos psiquiátricos

Foto: Diário de Ribeirão Pires
Um grupo de mães usuárias do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Ribeirão Pires ocupou a Câmara Municipal durante a sessão ordinária do dia 27 de novembro para protestar e usar a tribuna livre. Unidas, elas reivindicam melhorias no atendimento de saúde mental oferecido aos seus filhos, denunciando precariedade estrutural, falta de medicamentos e ausência de leitos psiquiátricos no município.
Entre os relatos, chamou atenção o depoimento de Lurdes, de 74 anos, que tem um filho de 41 anos internado há cerca de um mês devido a um surto. Ela afirmou enfrentar dificuldades diárias para acompanhar o tratamento, já que Ribeirão Pires não possui leito psiquiátrico, obrigando famílias a buscarem atendimento em outras cidades. Lurdes destacou ainda o desgaste físico e emocional: “Tenho 74 anos, meu marido tem 80. É muito difícil cuidar do meu filho assim, sem apoio adequado”, desabafou.
As mães relataram também a situação do Hospital Dr. Radamés Nardini, em Mauá, responsável por atender pacientes de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Mauá. Segundo elas, o hospital não comporta a demanda, fazendo com que mães permaneçam de três a quatro dias esperando por uma vaga, muitas vezes sentadas em cadeiras, sem qualquer estrutura para aguardar a internação.
Outro problema apontado foi a falta recorrente de medicamentos. Embora o líder de governo, vereador Rato Teixeira (MDB), tenha afirmado durante a sessão que há medicamentos disponíveis — inclusive apresentando uma lista —, o grupo rebateu, afirmando que a quantidade entregue não atende toda a demanda, pois “chega e logo acaba”. As mães explicaram que quando uma consegue retirar, outra já fica sem. A equipe do DiárioRP já havia apurado denúncias semelhantes anteriormente, e a falta de medicamentos foi novamente confirmada pela reportagem.
Diante da irregularidade no abastecimento, algumas mães que têm condições financeiras acabam comprando as medicações por conta própria; outras dependem de ajuda de familiares ou da solidariedade de terceiros.
Além disso, elas criticaram o estado precário do espaço físico onde o CAPS funciona atualmente. Em resposta, o líder de governo informou que o equipamento deve ser transferido no dia 13 de dezembro para o prédio onde funcionava o antigo São Lucas, com inauguração marcada para 19 de dezembro.
A vereadora Fernanda Henrique (PT) também se pronunciou, afirmando que a mudança precisa ir além da estrutura física: “A mudança tem que ser total — não só o espaço. É necessário melhorar o atendimento, garantir medicamentos e ampliar a equipe com profissionais especializados”, declarou.
As mães afirmam que continuarão mobilizadas até que o município ofereça condições dignas para o cuidado em saúde mental.


