Coronavírus: Anvisa libera farmácias para aplicarem teste rápido

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na terça-feira (28), permissão para farmácias aplicarem teste rápidos de Covid-19. Em contrapartida, eles não são recomendados para diagnóstico, servindo apenas para verificar se as pessoas já tiveram contato com o vírus.

O teste rápido detecta anticorpos da covid-19 em poucos minutos, por isso deve ser aplicado após o sétimo dia de sintomas, quando o corpo já reagiu ao vírus. Antes deste período, a chance de “falso negativo” é alta. Segundo análise encomendada pelo Ministério da Saúde, o exame doado pela Mineradora Vale ao governo federal erra 75% dos resultados negativos – se aplicado no tempo errado.

A resolução aprovada pelos diretores da agência determina que farmácias devem informar a gestores de saúde locais sobre os resultados dos exames. “Resultados negativos não excluem infecção. Resultados positivos não devem ser usados como referência absoluta”, disse o presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres. O ideal, afirmou, é que exames complementares sejam feitos para confirmar a doença.

O teste de “padrão ouro” é o RT-PCR, que detecta o material genético do vírus em amostras coletadas, por exemplo, por “swab” (um instrumento semelhante a um cotonete, usado em vias respiratórias dos pacientes, da nasofaringe e orofaringe). Apesar de preciso, este produto é mais caro e o processo, demorado.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso de testes rápidos para diagnóstico. “Fazemos hoje em território nacional testes, inclusive em via pública. Não há de se considerar risco de testes em ambiente protegido e sob regramento sanitário”, disse Torres. Segundo integrantes do ministério, há forte pressão do Palácio do Planalto para ampliar o número de testes no País. A Saúde tem sinalizado que pretende aumentar o público-alvo para exames de diagnóstico rápido.

No começo da crise, o Ministério da Saúde recomendava apenas a aplicação de testes rápidos para quem atua na “linha de frente” do combate à covid-19 – como profissionais da saúde. Em boletim epidemiológico publicado na última semana, no entanto, o ministério afirma que deseja – de maneira progressiva – incluir idosos, portadores de condições de risco para complicações da Covid-19 e a população economicamente ativa na rotina de testagem. A ideia seria também aumentar a “carteira” de curados e imunes à doença que poderiam retornar ao trabalho, segundo integrantes do governo.