Empreendimento prevê o desmatamento em parte de 468 hectares da região

Em 2017 foi apresentado pela empresa Fazenda Campo Grande Logística e Participações, um projeto para a construção de um Centro Logístico no Bairro de Campo Grande, próximo à divisa de Rio Grande da Serra e a Vila de Paranapiacaba. O objetivo seria facilitar o transporte de Cargas ao Porto de Santos.

A construção do Porto Seco, outro nome dado ao Centro Logístico, tem causado preocupações em alguns moradores, uma vez que segundo estudos apresentados, o ponto de integração para o transporte rodoviário e ferroviário, causaria impactos ambientais e sociais nas cidades de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires e a própria Vila de Paranapiacaba.

De acordo com uma Carta de Conjuntura emitida por pesquisadores da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), o empreendimento prevê o desmatamento de 468 hectares, os quais estão inseridos na Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings e Área de Preservação Permanente.

Além de todo o impacto ambiental, o aumento do tráfego de caminhões pela região também seria considerável, de acordo com o estudo apresentado, a região receberá em média cerca de 1.100 caminhões por dia.

Segundo a Nota Técnica emitida por pesquisadoras da USCS,, a implantação do Centro Logístico resultará na circulação de grande número de indivíduos sem qualquer vínculo com o território, disseminando inclusive doenças, sob a promessa de “crescimento e desenvolvimento, associado à geração de emprego e renda”.

Ainda de acordo com o documento, essa rotatividade acarretaria em diversos problemas sociais como: exploração sexual, fácil acesso à drogas ilícitas, álcool e aumento de profissionais do comércio informal ao entorno do empreendimento.

A equipe do DiárioRP conversou com o Vereador Akira Auriani (PSB), que preocupado com a falta de envolvimento de todos neste assunto, convidou os vereadores e a população de Rio Grande da Serra para uma reunião na próxima segunda-feira (4).

“Quando um Porto Seco é construído, a região do entorno dele se degrada. Uma área de mata virgem será impactada. Entendo que precisamos ter sim uma alternativa de logística de transporte, mas não em Campo Grande.” afirmou Akira.

Outra promessa da proposta do empreendimento é a criação de 1.200 empregos: ” Eles estão prometendo 1.200 empregos ao decorrer de mais de 20 anos. Porém, são empregos sem qualidade, com salários baixos. Nós temos potencial econômicos para gerar empregos melhores na cidade. Não podemos descaracterizar a nossa região.” finalizou o vereador.

Em contato com a empresa idealizadora do Projeto CLCG (Centro Logístico de Campo Grande), a mesma informou que o empreendimento diferentemente do que é retratado nos estudos emitidos, não se trata de um Porto Seco, uma vez que ambos tem propósitos diferentes:

“Portos em geral, representam uma atividade aduaneira e operam sob a jurisdição do poder público. Já o Centro Logístico, representa uma Plataforma Logística Periférica predominantemente ferroviária.” afirmou o documento.

Quanto a área de desmatamento, a empresa informa que menos que 20% seria ocupado pelo empreendimento e 80% serão transformados em reserva florestal. O monitoramento da preservação da fauna e flora locais serão providenciados, além da proteção tanto das nascentes quanto cursos d’água do local.

Segundo eles, a criação dos 1.200 empregos está dividida em três fases, onde 600 delas ocorrerão nas fases iniciais da implantação do Centro Logístico, com priorização de trabalhadores da própria região.

Jael Rawet, idealizador do CLCG, conclui que o projeto é uma iniciativa empreendedora com foco em sustentabilidade, atrelando desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. Contribuindo assim para o desenvolvimento econômico sustentável da região.

Em nota, o Centro Logístico frisa que a atividade principal será a triagem e a formação de trens, sendo basicamente uma atividade ferroviária. Apesar da movimentação rodoviária que está prevista, não haverá o comprometimento das estradas.

Finalizando, o Centro Logístico salienta que uma vez que o empreendimento será fechado, não haverão impactos nas questões de saúde apresentadas pelo estudo da USCS.