As Olimpíadas sempre proporcionam imagens marcantes, sejam tristes ou felizes. As cenas de superação sempre emocionam. Atletas que trabalharam duro por um sonho, colocam suas vidas em quadra, tatame, circuitos, no mar, onde quer que seja. Mas, capítulos tristes também marcam e até mesmo cortam a alma. É impossível, ao menos para muitos brasileiros, lembrar das Olimpíadas de Atenas e não ver a imagem de Vanderlei Cordeiro de Lima ser impedido de conquistar o ouro olímpico por um padre irlandês? O corredor se superou após o infortúnio e ainda fisgou o bronze.
Mas, de certa forma, 12 anos depois a justiça foi feita. Ninguém imaginava quem iria acender a Pira Olímpica. Muitos apostavam em Pelé – eu era um deles e achava justa a homenagem ao maior atleta de todos os tempos -, entretanto, Edson alegou que não tinha condições físicas de participar. Mas o esporte nunca falha. O escolhido, e com enorme justiça, foi Vanderlei Cordeiro de Lima. Uma atitude do COI digna de ser aplaudida de pé. O Brasil possui muitos heróis olímpicos, mas talvez nenhum seja tão grande quanto ele. Não em número de medalhas e conquistas, no entanto, por aquilo que Vanderlei representa. O esporte em geral prega competitividade, amor e respeito. Cordeiro de Lima tem todos estes quesitos. Mais do que ninguém, ele mereceu.
Agora, duas imagens sempre ficarão marcadas nas imagens de milhares de pessoas. A de um padre – que deu entrevistas dizendo que sentiu raiva ao ver Vanderlei acendendo a Pira – retirando o brasileiro da corrida, e a dele dando início aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Além de uma festa linda e impecável, Cordeiro de Lima foi o maior acerto desta edição. As Olimpíadas foram abertas pelo brasileiro que melhor representa o espírito olímpico.