A falta de coerência com os técnicos que atuam no Brasil

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Diferentemente de outros lugares, o Brasil queima muito fácil os técnicos. Bastam poucas derrotas seguidas para se instalar um ambiente instável e intragável, tanto para o trabalho quanto para os torcedores. Algumas “fontes” até contribuem para deixar o clima ainda mais abalado, não pensando só no time. Por vezes, estes péssimos resultados acontecem no começo de um trabalho ou quando este é mal feito pela diretoria dos clubes e esperar que o treinadores sejam milagreiros.

A imprensa sempre bate na tecla de deixar os “professores” trabalhar, mas quando os resultados não aparecem, é a primeira a cogitar a possibilidade de haver uma troca no comando técnico da equipe. Vamos pegar Cristóvão Borges como exemplo. Bastou dois empates consecutivos, um normal contra o São Paulo e outro ruim contra o Figueirense, e que seja dita a verdade, o último aconteceu por diversas falhas individuais e de desatenção, para começarem a cogitar que o comandante alvinegro não sabia o que estava fazendo a frente do Timão. Como técnico do Corinthians, o baiano, tem oito jogos, sendo cinco vitórias, uma derrota e dois empates. Um aproveitamento de 66,6%.

O trabalho está longe de ser perfeito. Ao todo, entre peças da comissão técnica e do elenco, o Corinthians trocou, ao menos, 15 peças. Então, é claro que haverão momentos de instabilidade, de queda e como também terá momento de crescimento. É um projeto novo e que vai demorar para colher os frutos.

O Cruzeiro é outro que serve de exemplo. Paulo Bento, técnico português, chegou para comandar a barca cruzeirense e tentar salvar o péssimo trabalho da diretoria mineira. Com um elenco fraco e resultados ruins, a Raposa contratou mais de 10 jogadores para evitar um completo fracasso no Brasileirão. Agora, que é a culpa que o comandante lusitano tem nisso? Quase nenhuma. Mas, foi mais uma vítima dos cartolas brasileiros, que tentam achar saídas fáceis para acalmar a torcida, os jornalistas e mascarar o péssimo trabalho dos dirigentes.

Todos que trabalham com o futebol, precisam expandir mais a linha de pensamento. Um trabalho novo leva, ao menos, um ano para maturar, são diversos jogos até que uma equipe se consolide, tenha entrosamento e esteja pronta para jogar um futebol seguro. Resultados negativos sempre vão ocorrer. O que seria do técnico Tite se lá em 2011, após a eliminação para o Tolima-COL, o Corinthians tivesse o demitido? Hoje, Adenor é a esperança da Seleção Brasileira.

Os técnicos precisam de tempo para trabalhar, mas precisam também de oportunidades para que algo seja criado e consolidado. Não serão seis ou dez jogos que mostrarão a capacidade de um técnico, mas sim um ambiente, respaldo, estrutura, elenco e principalmente, estabilidade. Sem esses fatores, bom, é melhor contratar um milagreiro.

Atualização

Na semana passada, Cristóvão estava sendo contestado no comando do Corinthians após dois empates consecutivos. Neste domingo (31), derrotou o Internacional, no Beira Rio, por 1 a 0. O Timão é o novo líder do Campeonato Brasileiro com 33 pontos. Se vai ser campeão, se vai ficar entre os quatro primeiros, aí é outra história. Mas como disse, deixem os técnicos trabalhar.