Torcida única não é a solução

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Colocar clássicos no estado de São Paulo com torcida única é uma forma delicada de o poder público dizer ao povo que falhou. É uma solução que os governantes tomam para tirar um peso das costas e que não adianta em nada. Até hoje nunca vi uma opção dada pelos órgãos responsáveis que de fato vá mudar alguma coisa.

Um bom exemplo de como as coisas funcionam por aqui é a proibição de bandeiras com mastro nos estádios em SP. Alguns vândalos utilizavam os mastros para agredir outros vândalos em brigas generalizadas entre torcidas de times rivais ou até mesmo do mesmo clube do coração.  Ao invés de proibirem a entrada destes que se dizem torcedores, o que fizeram? Proibiram as bandeiras. Mas aqueles que acabam e destroem aos poucos com o esporte continuam entrando nos estádios de futebol.

Para acabar com as brigas entre “torcedores” em dias de clássicos, o Ministério Público de São Paulo instituiu que as partidas envolvendo os grandes paulistas terão apenas a torcida da equipe mandante. Em 1º de junho, Corinthians e Santos se enfrentaram na Arena em Itaquera, ou seja, apenas corintianos poderiam entrar no estádio. No entanto, bem longe dali, “fanáticos” pela equipe santistas armaram uma emboscada para uma torcida do Timão. Resultado? Seis corintianos foram hospitalizados. Mas torcida única não era a solução para as brigas? É.

Na década de 80, os “hooligans” eram um enorme problema para a Inglaterra. Em 1985, em Heysel, na Bélgica, Liverpool e Juventus se enfrentaram na final da “Taça dos Campeões  Europeus”. Os torcedores ingleses armaram uma verdadeira guerra fora do estádio. Diferentemente do que acontece por aqui, a UEFA proibiu clubes da Inglaterra de participarem de competições europeias por 5 anos. Na Inglaterra, vários destes vândalos foram proibidos de assistirem jogos de futebol, tendo de se apresentar à polícia em dias de partidas de futebol do clube do coração. Alguns usam até tornozeleira.

Enquanto medidas como estas que EM NADA melhoram o esporte e a segurança dos torcedores, as brigas vão continuar ocorrendo. O que precisa ser mudado, no entanto, até hoje ninguém teve peito para fazer é a mudança das leis. É criar uma legislação que de fato prenda e afaste estas vândalos dos jogos. Que eles sejam presos e quando cumprirem suas penas, sejam proibidos de estarem nas ruas em dias de jogos do clube em que o indivíduo diz torcer. A violência nos estádios só vai acabar, quando os vândalos forem banidos do esporte e punidos. Enquanto, os casos de brigas forem tratados de maneira paliativa, continuaremos a ver cenas tristes e trágicas.

Neste domingo (12), Corinthians e Palmeiras se enfrentam no Allianz Parque, somente palmeirense poderão assistir ao jogo in loco. Alguns corintianos ameaçam assistir aos jogos infiltrados na torcida alviverde. A medida não está funcionando. Espero que mais ninguém morra por conta da imbecilidade de alguns e por conta da falta de habilidade do Estado.