Entrevista com Augustin Danza, CEO da CBRu

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O Rugby, aos poucos, vem ganhando espaço na mídia e a cada dia desperta mais interesse nos brasileiros. Em 2016, o esporte passou a ser transmitido na TV aberta brasileira e a realizar jogos em grandes palcos do futebol nacional, como o Allianz Parque e o Pacaembu e atraiu um bom público.

Para falar sobre o crescimento do Rugby e como ele vem se desenvolvendo no Brasil, a coluna conversou com Augustin Danza, o CEO da Confederação Brasileira de Rugby. Confira a entrevista abaixo:

Ricardo Ribeiro: O Rugby vem crescendo muito no Brasil nos últimos anos. Quais foram as ações promovidas pela Confederação para que houvesse tal crescimento e qual é a importância deste “boom” para a continuidade do esporte no país?

Augustin Danza: Desde a sua criação, a Confederação Brasileira de Rugby investe em diversas frentes para o crescimento do rugby no Brasil. Para fomentar o desenvolvimento do esporte, nós investimos em quatro pilares:

1)      Alto Rendimento
2)      Competições Nacionais
3)      Desenvolvimento
4)      Disseminação

No Alto Rendimento, tivemos avanços importantes, principalmente nos últimos dois anos: o lançamento do Sistema de Alto Rendimento Brasileiro, que mudou o jeito de detectar, desenvolver e treinar os jogadores (as) com potencial do Brasil. Já tivemos grandes resultados, como a vitória contra Estados Unidos (por 24 a 23, no Americas Rugby Championship) e o empate diante do Chile, no Pacaembu.

Tivemos ainda a entrada no Américas Rugby Championship; a consolidação de Sevens Feminino dentro do Top 10 mundial; a centralização da Seleção Masculina de Sevens (a Feminina já estava centralizada anteriormente).

Na área de Competições Nacionais, conseguimos incluir mais clubes nas competições com o lançamento da 2ª Divisão Nacional (Taça Tupi) para 12 equipes do Brasil, além de dobrar a quantidade de jogos da nossa 1ª Divisão (Super 8). Em ambos, o desenvolvimento dos jogadores acontece de maneira mais acelerada.

Na área de Desenvolvimento, foram muito importantes o lançamento do Programa Polos para o crescimento do Rugby Infantil em São Paulo e Rio Grande do Sul, assim como o lançamento do programa Impact Beyond, de Rugby Escolar no Rio de Janeiro, em que mais de 1.000 escolas nessa região foram impactadas.

Finalmente, na área de Disseminação, buscamos ações ousadas em parceria com nossos patrocinadores, e jogos em grandes estádios, como o Allianz Parque, o Pacaembu e a Arena Barueri. Isso chama atenção, traz visibilidade para a modalidade e atrai os curiosos pelo esporte. A parceria com a RedeTV! foi o que precisávamos para poder levar o Rugby para todo o Brasil e acelerar disseminação e popularização do esporte.

RR: Qual apoio a CBRu dá aos clubes já formados e como ela ajuda as equipes que ainda estão surgindo? Quais são os trâmites para a criação de novos times?

AD: A CBRu apoia os clubes de três maneiras, principalmente:

1)      Competições Nacionais: A CBRu custeia as competições nacionais, desenhadas principalmente para os clubes filiados às Federações da CBRu. Há: 1ª Divisão Nacional Masculina (Super 8); 2ª Divisão Nacional Masculina (Taça Tupi); 1ª Divisão Nacional Feminina (Super 7s); Torneio Brasileiro de 7s Masculino (Total 7s) e Torneio Juvenil de Rugby (Copa Cultura Inglesa)

2)      Programa Polos: A CBRu apoia o desenvolvimento dos clubes e, especialmente, das divisões infantis e juvenis por meio do programa Polos, que visa incentivar e premiar os clubes que desenvolvam sua estrutura e estas categorias.

3)      Capacitações: A CBRu financia cursos de gestão, rugby infantil, rugby juvenil, coaching, força e condicionamento, primeiros auxílios. Todo os projetos visam à capacitação do estafe dos clubes tanto em áreas administrativas como nas esportivas.

Para ser fundado um novo clube de rugby, a associação deve cumprir uma série de regras, que estão publicadas no nosso site.

RR: Quais são os projetos para que o Brasil melhore o nível técnico do esporte cresça e comece a competir de igual para igual com grandes seleções?

AD: 1)      Sistema de Alto Rendimento: O Sistema de Alto Rendimento da CBRu, baseado nas melhores práticas do mundo, tem como objetivo detectar e desenvolver atletas desde jovens. O Sistema avalia aspectos físicos, nutricionais e técnicos de cada atleta e coloca objetivos individuais para cada uma destas áreas. Trabalhamos, individualmente, com aproximadamente 400 atletas para levá-los ao pico potencial do seu rendimento individual, visando formar atletas de alto rendimento internacional.

2)      Competição Internacional: O complemento do Sistema, que garante um ritmo de treinamento intensivo por atleta, é o aumento de competência para aqueles jogadores que chegam no topo da pirâmide. Por isso, a nossa Seleção passou de 4 a 5 jogos por ano, em 2014, para 13 a 15 partidas por temporada, agora. A entrada no Americas Rugby Championship, a potencial gira europeia que estamos planejando, a visita do Quênia, em Junho, a idas das nossas seleções de Sevens para Londres e Paris, são todos resultados deste plano.

3)      Competição Nacional: Para que os atletas possam se desenvolver durante todo o ano, eles precisam jogar muitos jogos de bom nível. Por isso, temos dobrado a quantidade de jogos da nossa 1ª divisão nacional (Super 8) seguindo benchmarks internacionais de quantidade de partidas por atleta e competição. Também lançamos a 2ª divisão nacional para poder ajudar a desenvolver e detectar mais atletas.

4)      Repatriação de Talento: Existem muitos brasileiros jogando rugby profissional e/ou de 1ª divisão espalhados pelo mundo, que precisamos detectar e avaliar se podem atuar em nosso País. A incorporação do Yan Rosetti, do Stefano Giantorno, do Caique Silva e dos irmãos Sancery são exemplos deste programa.

Como resultado destes quatro pilares, esperamos poder continuar fazendo com que o nível técnico das nossas Seleções aumente constantemente.

RR: O esporte está em uma das principais emissoras da TV Aberta Brasileira. Como tem sido a receptividade da torcida?

AD: A receptividade da torcida foi excelente, superando inclusive modalidades tradicionais da televisão, como o basquete. A audiência do primeiro jogo passado na Rede TV! ficou à frente da do NBB, e a segunda e a terceira partidas praticamente dobraram a audiência. Além disto, hashtag #rugbynaredetv foi trending topic no Brasil durante o período das três transmissões, demonstrando o interesse e engajamento do público do rugby brasileiro, presente em todos os estados do Brasil.

RR: Quais projetos sociais a CBRu promove? Existe alguma proposta para levar o esporte às escolas?

AD: Levar o Rugby para as escolas é algo fundamental para garantir o crescimento a longo prazo do esporte. A CBRu está constantemente trabalhando para atingir este objetivo e para ajudar às Federações e clubes a conseguir isto. Hoje, há rugby escolar em São Paulo, Rio Grande do Sul, e começa a ter em Santa Catarina e Paraná.

A CBRu apoia diversos projetos sociais em todo o país, entre eles o Impact Beyond, que pretende colocar o rugby em cerca de mil escolas do Rio de Janeiro até os Jogos Olímpicos.

 RR: Como a entidade pretende expandir o Campeonato Brasileiro, tanto o masculino como o feminino?

AD: O objetivo da CBRu é conseguir a inclusão de mais clubes e a execução de mais jogos nos torneios nacionais masculinos e femininos. É por meio de jogos que se desenvolvem clubes e atletas. Por isso, nós estamos constantemente avaliando e ajustando a estrutura dos torneios, visando sempre melhorar nestes dois quesitos.