Os anos passam e o assunto é o mesmo. Os estádios estão cada vez mais vazios, os campeonatos não têm qualidade técnica e uma infinidade de outros motivos para justificar a queda do esporte no Brasil. Não estou falando da seleção, mas sim no “produto futebol”. Se o torcedor está perdendo o interesse e os jogadores que aqui jogam são piores do que outrora, há um erro estrutural grave no futebol tupiniquim. Os dirigentes até falam sobre o assunto, mas preferem desculpas vazias do que atitudes concretas para encontrar uma solução para elevar a modalidade novamente.
A Champions League é uma das competições de futebol mais atrativas do planeta, perdendo apenas para a Copa do Mundo. Na última semana, sites publicaram que 21% dos ingressos vendidos para a final da UCL foram comprados por brasileiros. A final vai acontecer no estádio San Siro (ou Giuseppe Meazza), em Milão e tem capacidade para atender pouco mais de 81 mil torcedores. Ou seja, mais de 1/5 dos espectadores serão do Brasil, aproximadamente 25 mil brasileiros estarão em Roma para ver a partida decisiva da Champions. Um ótimo exemplo de como vender futebol, de como atrair e instigar várias pessoas a acompanhar uma competição mesmo a meio mundo de distância. E por aqui não conseguimos levar torcedores para os estádios.
A rodada que aconteceu no último final de semana de março exemplifica muito bem a situação. O Corinthians conseguiu levar mais torcedores do que os grandes de São Paulo e do Rio de Janeiro juntos. Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, conseguiram levar, somados, 21.412 pagantes. Enquanto, o Alvinegro, em uma partida às 21h, levou quase 30 mil torcedores. Sete times somados, atraíram menos torcedores do que a UCL conseguiu atrair.
A Champions League mostra como nossos dirigentes exploram mal um mercado que tem um potencial absurdo. Háquem diga que o dinheiro estrangeiro que leva os craques daqui para atuarem fora é a maior barreira para tornar o futebol brasileiro atrativo novamente. Esta é uma desculpa rasa, ao meu ver. Obviamente, o poder econômico de árabes, europeus e chineses (em breve, os americanos também), são um obstáculo. Mas a forma como o esporte é pensado por aqui é a maior barreira.
Os jogos do meio de semana são em horários ruins para os torcedores, a maneira como os times são administrados, como as marcas dos torneios são ativadas, como os patrocinadores são afetados quando “torcedores” se envolvem em casos de violência generalizada, e principalmente, a imagem que a CBF, com os mandatários envolvidos em escândalos de corrupção, passa aos torcedores são os principais motivos que levam o futebol brasileiro a um marasmo, ao desinteresse e a cada vez levar menos pessoas aos estádios.