TV Diário: “Ela não teve chances de lutar”, diz mãe do bebê morto

Há pouco mais de uma semana, uma menina de um ano e dois meses faleceu na UBS Central de Rio Grande da Serra. Natally Oliveira da Silva foi diagnosticada algumas vezes pela doutora Juliana D’Albuquerque, e a mãe, Michele Aline, responsabiliza a pediatra “por não ter dado uma chance da Nataly lutar”.

Segundo Michele, a menina nasceu bem e sem problemas, mas com três meses de idade apresentou um quadro de cansaço, que foi diagnosticado pela Dra. Juliana como um simples resfriado. Entretanto na UPA de Ribeirão Pires, o diagnóstico de Nataly foi confirmado como bronquiolite avançada, o que geralmente acontece com crianças menores de dois anos, e tem sintomas muito parecidos aos de uma gripe comum. A mãe ressalta que a menina ficou cinco meses internada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital de São Caetano, onde uma traqueostomia foi necessária.

No dia 27 de março, Michele levou Nataly outra vez à UBS pois a garota com asma, apresentava muito cansaço, tosse e febre.

“Expliquei pra ela (Dra. Juliana) o que estava acontecendo, mas ela de repente reclamou que estava trabalhando sem receber, e que seria uma guerreira por trabalhar em um lugar, onde outros médicos não queriam, depois ela só mandou que a Nataly tomasse um antibiótico e a mandou para casa.”

– Explicou.

A mãe relata que na segunda-feira (28) Nataly acordou muito mal, e logo decidiu levar a filha a UPA de Ribeirão Pires, mas o oxigênio da menina estava acabando. O trajeto mudou e o destino foi novamente a UBS de Rio Grande da Serra, onde não havia pediatra no momento, apenas um clínico geral que já atendia uma senhora em estado grave.

“Eu expliquei tudo e pedi para darem outro oxigênio para ela; três minutos depois que sai da sala o doutor veio atrás de mim dizendo que estavam massageando minha filha, e aguardavam uma ambulância para levá-la ao Nardini para uma transferência. Infelizmente não deu tempo, dois minutos mais tarde ele voltou dizendo que a Nataly não resistiu.”

– Confirma a mãe.

Outro fator deixa os familiares de Nataly ainda mais intrigados. Segundo Michele, a tia de Nataly foi quem assinou os documentos para a liberação do copo junto ao IML (Instituto Médico Legal), e foi avisada que a causa da morte era broncopneumonia e septicemia.

“Minha filha foi diagnosticada com uma inflamação na garganta e em menos de 24 horas ela morre com broncopneumonia e septicemia? Só quero que façam justiça e afastem essa médica, por que se ela não tem capacidade para exercer essa profissão, eu tenho medo por outras famílias.”

– Enfatiza Michele.

Ela comentou também que pediu ajuda para vereadores e ao prefeito, “mas a única coisa que o prefeito fez, de fato, foi me bloquear na página do facebook”, diz a mãe que agora olha para Natália, irmã gêmea de Nataly e fala:

“Não é um consolo, mas temos a Natália para amar”.

O vereador da base opositora Edvaldo Guerra (PMDB) encabeçou um pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Investigação) para apurar este e outros casos envolvendo a Saúde.

“Eu fui tachado de aproveitador, mas acho que a Administração está tentando esconder alguma coisa. Nunca disse que a CPI era para punir o prefeito ou quem quer que seja. Primeiro temos que apurar, verificar os fatos, e depois, se couber, punirmos os responsáveis.”

– Disse o vereador.

O Diário de Ribeirão Pires tentou, por várias vezes, entrevistar o Secretário de Saúde, Carlos Duarte, mas não foi atendido. Segundo o próprio Secretário, “nunca houve um pedido de entrevista que tivesse chegado à sua mesa”, mas uma fonte informou que o prefeito Gabriel Maranhão teria dado ordens para que as solicitações do DiárioRP não fossem atendidas. Em nota, a Prefeitura negou os fatos, garantindo a liberdade do veículo em atuar na cidade e desconhecendo tais informações.