O riograndense da serra que esteve presente à sessão da Câmara dos Vereadores, na quarta-feira(30), presenciou um dos episódios mais vexatórios dos últimos meses. O bate-boca entre vereadores por conta do pedido de abertura de uma CEI (Comissão Especial de Investigação), por parte o vereador peemedebista Edvaldo Guerra, se estendeu por mais de trinta minutos, fazendo com que o cidadão presente se cansasse da sessão. No entanto, mesmo com tanta discussão fora de hora, e acusações entre oposição e situação, a maioria dos que estavam presentes eram funcionários comissionados da Administração e, segundo o autor do pedido de CEI, estavam lá para pressionar e exigir a retirada do pedido.
“Eu jamais em minha vida iria retirar um pedido de CEI por conta de pressão e tentativa de intimidação do prefeito e de seus comissionados.”
– Disse Guerra, que foi acusado pelo Líder do Governo, Valdemar Asnar Pirillo (PSDB) de “fazer campanha com a dor de uma família, se colocando no papel de aproveitador”.
Essa discussão e o pedido de abertura de uma CEI aconteceram justamente após a morte de uma criança de um ano e dois meses. Nataly Oliveira da Silva faleceu na manhã da última terça-feira, 28 de março, após uma parada cardíaca, na UBS Central de Rio Grande da Serra. O principal motivo da discussão, comoção e revolta dos vereadores, se dá por conta de possível erro médico no diagnóstico de Nataly. Segundo alguns vereadores e cidadãos que estavam na Câmara e acompanharam de perto o caso, a menina tinha graves problemas de saúde, dentre eles, problemas respiratórios e teria sido submetida a uma traqueostomia. Nataly foi enterrada na terça-feira.
Acusado de não ter pulso firme para comandar as sessões, o presidente da Casa de Leis e permitir que tais discussões prolonguem os debates, Manoel Messias (PV), se emocionou ao falar da morte da criança por que há pouco mais de uma semana ele e sua família enterraram uma criança de oito meses de idade.
“Meu sobrinho faleceu, tenho uma filha de oito meses; isso me deixa sem condições de entrar nessas discussões.”
– Falou o vereador que chorando, deixou a sessão por alguns momentos pedindo ao vereador Cleson Alves (PMB), que assumisse os trabalhos.
Além das investigações irem ao encontro da fatalidade, o vereador Guerra disse que a CEI servirá para apurar o contrato da Administração com a Fundação Santo André, que vem sendo alvo de críticas por parte de funcionários públicos. A defesa do Líder de Governo para pedir que o projeto fosse rejeitado, é que, segundo ele, a Administração já abriu sindicância interna para apurar todas as possíveis irregularidades que estejam acontecendo na Saúde.
“Vereador com tantos anos e ex-presidente desta Casa deveria saber que isso já está acontecendo.”
– Avisou Pirillo que foi automaticamente rebatido por Guerra.
“Todos nós sabemos que isso (sindicância interna) não vai dar em nada. Em um mês eu vou entrar com um pedido para saber o que já foi apurado, mas a gente sabe o que eles vão falar.”
– Deixou no ar Guerra.
No entanto, mesmo com o trunfo da abertura de uma sindicância interna, fora o Líder de Governo, todos os outros vereadores da base do Governo não justificaram seus votos contrários a abertura da CEI, afirmando em único discurso que “o prefeito não tem culpa”. Pirillo disse que por ele ter dado seu parecer como Líder, os outros não necessitam explicar. “Eu nunca disse que a CEI será para acusar o prefeito. Na verdade ninguém está sendo acusado, ainda. É para isso que serve uma CEI, para apurar e punir os responsáveis”, ressaltou Guerra.
O Diário de Ribeirão Pires falou com o presidente Messias ao final da sessão que afirmou: “Se essa sindicância não apurar nada, eu mesmo vou pedir a abertura de uma CEI. A Administração Municipal precisa esclarecer isso sim, mas vamos aguardar e ter fé de que vão fazer isso o quanto antes”, finalizou Messias.