É impossível manter um time no topo sem planejamento, jornalistas esportivos e dirigentes pregam isso há tempos. Equipes que se organizam, analisam as contratações, tanto para o elenco quanto para comissão técnica e cargos administrativos como diretor e gerente de futebol têm saído na frente dos demais. Vemos grandes equipes com belas histórias passando por dificuldades absurdas justamente pela falta de organização. Os maiores exemplos disso são Vasco e Botafogo. O time cruzmaltino, nos últimos 10 anos, foi rebaixado em três oportunidades. Já o Alvinegro de General Severiano caiu de divisão por duas vezes. Até hoje, os times não conseguem montar equipes fortes e dar aos torcedores os títulos e as glórias de outrora. O Flamengo também passou por maus bocados, mas aos poucos vai se reerguendo e ajeitando a casa.
O Corinthians desde o rebaixamento em 2007 mudou totalmente a maneira de pensar o futebol no clube. Antes de ir à Série B do Brasileirão era comum apresentar pacotes de reforços ou quando as coisas não caminhavam anunciava parcerias com empresas que traziam grandes reforços, porém deixavam o clube a ver navios após o fim dos contratos, e foi exatamente isso que causou o descenso do Timão. Atualmente, a equipe paulista é uma das mais organizadas do futebol brasileiro. Desde o rebaixamento conquistou dois Campeonatos Brasileiros, uma Libertadores, uma Copa do Brasil, três Campeonatos Paulistas, uma Recopa Sul-Americana e um Mundial.
O Atlético-MG é outro excelente exemplo de time que soube se reinventar. Nos últimos anos teve conquistar inéditas, como a Libertadores e a Copa do Brasil. Em 2015, ainda foi vice-campeão do Brasileirão. Para a atual temporada, trouxe Robinho (ex-Santos) e continua como franco favorito para conquistar mais taças. O Palmeiras caiu em 2003 e 2013, mas no ano passado montou uma equipe forte e conquistou a Copa do Brasil. O Verdão aos poucos se reergue, mas ainda é preciso mais organização e planejamento, haja visto que o time passa por dificuldades neste início de ano e o elenco é desequilibrado.
Mas o que a NBA tem com isso? Justamente o planejamento. O maior exemplo de organização e de como se reinventar sem ter de passar por vexames é o San Antonio Spurs. Uma franquia que antes era das menores da liga de basquete, hoje mostra ao mundo como se manter no topo sem ter de começar do zero, como tantos clubes espalhados pelo mundo. Em 1997, com um elenco forte mas que não ia a lugar algum, foram ao Draft da Liga – uma espécie de categorias de base da NBA, porém, os times com as piores campanhas selecionam os melhores calouros – e selecionaram Tim Duncan, hoje o maior jogador do time e o maior ala-pivô da história do esporte. Resultado? Desde então, os Spurs venceram cinco títulos e chegaram à seis finais. Foram aos Playoffs em todas as temporadas e sempre são favoritos na briga pelo título da liga norte-americana.
Hoje, Tim Duncan tem 39 anos e está próximo de se aposentar. Bem como Manu Ginóbili e Tony Parker que estiveram em quatro destas conquistas, mas se aproximam do final das carreiras. Ao invés de irem novamente ao Draft e passar anos tendo de esperar os novatos se desenvolverem, a equipe de San Antonio começou a reconstrução enquanto disputava títulos. Em 2011, a equipe trocou alguns jogadores com o Indiana Pacers por uma escolha no Draft e trouxe Kawhi Leonard, que vai ser a cara da franquia quando Duncan pendurar as chuteiras.
Em 2014, na conquista mais recente da franquia, Leonard mostrou que o time do Texas está a frente de todos os outros times. Foi escolhido como o melhor jogador das Finais da liga quando os Spurs venceram o Miami Heat por 4 a 1. Para esta temporada, o time foi atrás de um dos melhores ala-pivôs da NBA, LaMarcus Aldridge e terminou a sua reconstrução em meio às conquistas. Tudo isso só aconteceu por conta de um planejamento e um corpo diretivo sólido, que analisa o próximo passo cuidadosamente. Há 20 anos, o técnico é o mesmo, a espinha dorsal da equipe é a mesma. Entendo que é impossível manter o mesmo time durante anos no futebol, ainda mais por aqui, quando um time de fora vem com cifras milionárias e leva os melhores talentos. Entretanto, o mais importante e que diversos clubes brasileiros ainda não entenderam, é a importância de um planejamento sólido. Fazer contratações necessárias e não querer trazer jogadores para a torcida. De desenvolver novos talentos e de ano a ano, olhar o que é preciso ser melhorado para se manter no topo sempre.
