Base governista articula para barrar requerimentos da oposição em RGS

câmarargs_sessão23_3
Foto: Ygor Andrade/DiárioRP

Tudo parecia que terminaria tranquilo na sessão da Câmara de Rio Grande da Serra, realizada na quarta-feira (23), não fosse um projeto de mudança do regimento interno da Casa que dispõe sobre o aumento no número de assinaturas para que requerimentos e indicações sejam validadas nas sessões.

Atualmente o número mínimo é de três assinaturas, o que beneficia a bancada de oposição do Governo Municipal, que conta com quatro parlamentares. João da Psiu (PT), Benedito Araújo (PT), Cleson Alves (PMB) e Edvaldo Guerra (PMDB). No entanto, o Vereador Claurício Bento (DEM) juntamente com os outros nove membros da base governista encaminharam tal projeto para tentar diminuir as ações da oposição na Câmara.
O Vereador Ditinho, como é mais conhecido o petista Benedito, disse que “é uma vergonha tentar impedir o direito de fiscalização e cobrança da oposição, realizando tal manobra suja”. O discurso de Ditinho foi acompanhado por João da Psiu, que enfatizou: “Nós podemos até ser impedidos aqui dentro, por que vocês são maioria, mas lá fora o povo irá saber o que está acontecendo aqui dentro”.
O ex-petista, Cleson Alves foi um pouco mais lúdico, ilustrando seu descontentamento com a atitude dos Parlamentares, principalmente do Claurício.
“Estou com febre, quase não vim para a Câmara hoje, mas Deus me fez vir. Ainda bem. Aperto as mãos de vossas excelências todos os dias por que os admiro e respeito, mas não consigo entender o que se passa na cabeça de vocês, para tentar nos impedir de trabalhar. Isso só pode significar que estamos no caminho certo.”

Declarou Cleson.

O Líder do Governo na Câmara, Waldemar Asnar Pirillo disse que se trata apenas de articulação, e que “se um Vereador não é capaz de articular um único voto, já que são quatro na oposição, esse cidadão não merece sequer ser um membro da Casa de Leis”.

Claurício defendeu seu projeto, que apenas foi encaminhado e provavelmente será votado na próxima quarta (30), dizendo que “ninguém está tentando tirar o direito às cobranças, muito menos impedir a base opositora de trabalhar, apenas é uma tentativa de fazer com que apenas os requerimentos e indicações mais importantes sigam o caminho até as sessões”.

Até aí os Vereadores se olhavam e criticavam as ações uns dos outros, mas o Parlamentar Israel Mendonça (PTN), tomou o microfone e acusou a base de oposição de “reclamar da articulação que eles mesmo um dia tentaram”. Segundo Israel, os Parlamentares Cleson, Benedito e João da Psiu teriam acertado com o presidente Manoel Messias (PV) que a Câmara pagaria o salário de seus assessores, na época em que foram realizadas as eleições para presidente da Casa.
“Vocês só aceitaram a candidatura do presidente Messias, depois acertar que a Casa pagaria seus funcionários, isso é articulação, e agora vocês vem reclamar de algo que os beneficia?”

Questionou Israel.

Ao final da sessão, o Vereador Cleson disse que, juntamente com seus companheiros de oposição, tentará uma liminar na justiça para impedir que tal projeto passe pela Câmara, tendo em vista que se for votado a maioria governista aprovará o mesmo. O assessor do Vereador Guerra, José Carlos, disse que se for preciso, carros de som e a população se farão presentes à sessão em questão.