No sábado (19), diante do Arouca-POR, pelo Campeonato Português, os jogadores do Sporting-POR foram a campo com os nomes escritos de maneira errada. Por exemplo, J. Mário virou “J. Dário”, R. Patrício virou “R. Patríssio”. Os erros foram propositais e serviram para chamar a atenção da torcida para um problema que afeta aos clubes do mundo inteiro. “É quase a mesma coisa, mas não é” foi uma ação pensada pelo marketing dos Leões para mostrar que comprar produtos falsificados não vale a pena. Uma ideia simples, porém, para lá de criativa.

Para se ter ideia, a pedido de marcas esportivas, o Ibope fez um levantamento entre maio de 2014 e maio de 2015, sobre quanto dinheiro as empresas perdem com o mercado paralelo. Durante o período, mais de 80 milhões de calçados foram comprados no Brasil. Desses, 19 milhões, ou 23%, foram produtos falsificados, um prejuízo de R$ 1,6 bilhão. Em outro segmento não é diferente. A mesma pesquisa mostrou que ao longo de um ano, foram comercializados 683 milhões de artigos esportivos, bermudas, camisas etc, sendo que somente 390 milhões eram originais.
Os arredores dos estádios antes e depois de eventos esportivos ou de shows, são praças onde a venda de produtos falsificados ocorre livremente. Todo mundo sabe que isso acontece. A Polícia e principalmente os clubes, estes os maiores prejudicados, mas as medidas, se é que tomam alguma, são ineficazes. A impressão é que a área de comércio de produtos falsos já virou parte da cultura esportiva no País. Os produtos oficiais são inacessíveis. Uma camisa original de um time de futebol custa em média R$ 250. Alguns clubes possuem linhas mais populares custando por volta de R$ 100, mesmo assim, ainda é caro. Um trabalhador que tem uma família para sustentar com um salário mínimo, vai comprar um produto oficial ou vai passar em algum “camelô” e comprar uma camisa similar por R$ 30? Obviamente a segunda opção.
De acordo com IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) quase 40% do valor de uma camisa oficial de um clube é imposto, um absurdo e só fomenta a compra de produtos falsos. E quem são os maiores prejudicados? Justamente os maiores interessados, os clubes e os torcedores. Os times precisam urgentemente cobrar das autoridades uma redução da carga tributária em cima de artigos esportivos, que já deixou de ser absurda para ser ridícula. Uma taxa alta desta maneira não só – obviamente – encarece o preço dos artigos esportivos como é um incentivo indireto para comprar produtos falsos.



