Hino e Histórias

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Foto: Ricardo Ribeiro/DiárioRP

“Uma vez perguntaram a Beethoven porque a música não era bem aceita. Ele respondeu que música é a arte dos céus. E tudo o que é do céu não pode ser compreendido na Terra.”

Esta foi uma das mais belas frases entre várias ditas por seu Américo Del Corto, músico, escritor e um dos cidadãos mais importantes que guardam e fazem parte da história da cidade de Ribeirão Pires.
Nascido em 23 de setembro de 1921, “Seu Américo” sempre mostrou grande interesse pela música. Ele mesmo conta que sempre teve muita facilidade para compor, tocar e ensinar a arte musical. Por ser morador e ter um amor enorme pela cidade, ele decidiu em 1954 prestar uma homenagem e demonstrar toda a paixão pelo município compondo o hino de Ribeirão.

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“Eu sou nascido aqui. Sempre tive vontade de fazer algo que elevasse o nome daqui, algo que ficasse na história, porque tenho um amor muito grande pela cidade. Então, eu tive a ideia de fazer a letra. Depois apresentei para os Vereadores da época, eles gostaram bastante e promoveram como hino da cidade. Aí passei a ir às escolas para ensinar os alunos a cantarem até eles conseguirem sozinhos.”

Contou ele, que não escondeu a felicidade ao saber que a canção ainda é a oficial, que é cantada pelos cidadãos em eventos cívicos e em algumas oportunidades na Câmara dos Vereadores.

Américo também compôs a letra do Hino de Mauá. Por ter trabalhado na cidade vizinha e sempre ter sido bem tratado, resolveu prestar uma homenagem.

Na década de 40, Del Corto era clarinetista da banda “Lira” de Ribeirão Pires. Mostrou orgulho deste passado e quando viu a fotos dos integrantes disse “mas que saudades que eu tenho disso aqui.” Esta é uma memória desconhecida ou esquecida por muitos. Mas quem viveu nessa época lembra das apresentações, dos músicos fardados, utilizando quepe e sempre falam com muito saudosismo sobre a época. Mas além das saudades, ele sente tristeza ao lembrar do conjunto.

“A história da banda em Ribeirão e isso começou faz tempo, mas é até triste. Música é uma arte difícil de ser compreendida. Eu sempre lutei pelas bandas em Ribeirão. Infelizmente, quando eu consegui um bom grupo, o dono do Morro de Santo Antônio não deixou mais a gente tocar lá. Então, fomos tocar em outros lugares. O grupo acabou dividindo em três, um tocava na parte de cima, outro no meio e o último na parte de baixo. Eles venceram e nós perdemos. Por isso, o grupo se separou.”

Lembrou.

Até o início da década de 70, Américo ensinava música aos moradores da região. Mas quando pais não conseguiam matricular todos os filhos por conta do preço da taxa pensou em criar uma escola gratuita.

“Hoje a escola não existe mais. Era minha mesmo. A gente tinha de cobrar um valor para manter o local. Mas as vezes chegava um pai lá e queria matricular mais de um filho, porém, pelo valor da taxa alguém teria de ficar de fora por não conseguir pagar para todos. Então, eu tive a ideia de falar com a Prefeitura e montaram a escola de música de graça.”

Disse.

“Seu Américo” viu muita coisa acontecer nos 62 anos de Ribeirão e fala com muito amor de cada lembrança vivida na cidade.