Na última semana, dois médicos estrangeiros que faziam parte do Programa Mais Médicos foram obrigados a sair do país por conta de um processo aberto pela Prefeitura de Ribeirão Pires.
A denúncia foi feita por Adriane Espindola, moradora do Jardim Valentina. Segundo a denunciante, um dos médicos pediu para beijá-la, e, mesmo ela afirmando que era casada, ele teria dito “que ninguém ia saber” e teria agarrado a moça.
Às pressas, sem a correta apuração dos fatos, que seriam de responsabilidade da Prefeitura da cidade onde estava lotado o médico, um ofício denunciando os profissionais foi encaminhado para o Ministério da Saúde.
Mesmo com um processo administrativo em andamento por meses, ambos os doutores afirmam que, em nenhum momento, foram notificados sobre a sua existência nem intimados para se defenderem:
“Fiquei sabendo esses dias.”
– disse um dos médicos à nossa reportagem.
Ao receber o comunicado da Prefeitura, o Ministério da Saúde desligou ambos os médicos do programa, o que também levou ao automático cancelamento do registro provisório emitido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e do registro de estrangeiro, obrigando os profissionais a deixarem o país, apenas dois dias após saberem da existência de uma acusação contra eles.
A ação gerou revolta em diversos pacientes e colegas de trabalho, que entregaram um abaixo-assinado, com centenas de assinaturas, pedindo o arquivamento do processo. O que pareceu dar certo, pois, após a pressão popular, a Prefeitura investigou e apurou que as denúncias poderiam falsas, mesmo após o Ministério da Saúde já ter decidido pelo desligamento e expulsão dos profissionais.
Um ofício foi encaminhado a Brasília, pela Secretaria de Saúde, pedindo a revogação da decisão e afirmando que o município mantém uma avaliação positiva sobre os médicos.
Ambos os médicos deixaram o Brasil na última quarta-feira, dia 15. Mesmo com a carta, não foi possível alterar a decisão a tempo, o que, talvez, possa ser mudada no futuro e, dessa forma, ambos os profissionais possam retornar ao país.
A Prefeitura de Ribeirão Pires, através da Secretaria de Saúde, se negou a responder a nossos questionamentos.
Atualização – 16:22h
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura, através de e-mail solicitou a publicação da seguinte resposta sobre o caso:
“”Segundo informações da Secretaria de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires, no ano passado houveram denúncias contra dois médicos intercambistas. O Ministério da Saúde conversou com os mesmos na época e, nesse mês de julho, enviaram-nos documentos oficiais da decisão do mesmo quanto ao desligamento”.
