Organizações e protetores ajudam animais da cidade

Moradores de Ribeirão Pires estão atentos ao bem-estar dos animais. A preocupação é maior com as vítimas de maus tratos e aqueles que vivem em situação de risco.

A cidade conta com associações, bem como com a atuação de protetores individuais solidários à causa. Nos dois casos, são iniciativas da sociedade civil, ou seja, não há ligação com os governos nas diferentes esferas.

Em 2001, foi fundado o Clube dos Vira-Latas, idealizado por Cida Lélis. Com o falecimento da fundadora, em 2010, Claudia Demarchi é a presidente da ONG desde então. Há dez anos, ela participa do grupo, que é composto por uma equipe multidisciplinar: veterinários, auxiliares de veterinário, tratadores, encarregados de manutenção e motorista.

Ao todo são 20 profissionais registrados para cuidar de 500 animais vítimas de maus tratos. Atualmente, 2000 animais são cuidados, contados os do Clube mais os de protetores independentes:

Geralmente, os animais abandonados nas ruas são recolhidos, muitas das vezes, atropelados. O Clube recebe mais de 200 ligações por semana. Entretanto, só são aceitos animais vítimas de maus tratos ou com boletim de ocorrência, e poucas pessoas dão-se ao cuidado de lavrar o BO:

“Temos 50 mil animais abandonados aqui na região. A Prefeitura, que tem uma verba não faz nada, a responsabilidade pelo controle de zoonoses é do Poder Público. A meta, aqui, é de 500 animais. Mais que isso não podemos; se não, começa a faltar comida, começa a não ter espaço nem estrutura adequada.”

– afirma Cláudia.

Na ONG, os animais têm um centro cirúrgico à disposição, são examinados, medicados e castrados. Somente após todo esse processo é que podem ser adotados. Semanalmente, de dez a 20 cachorros são levados em feiras de adoção.

Em 14 anos, já foram adotados mais de 9000 animais, com índice de devolução de apenas 10%. A pessoa que adota um cachorro do abrigo tem um período para adaptação do animal, bem como de todos os que conviverão com ele.

Atualmente, a procura por animais adultos é frequente, mas nem sempre foi assim. Aos que preferem filhotes, nem sempre é possível adotá-los. Em geral, poucos filhotes são resgatados, e, quando chegam à ONG (doentes e maltratados), é necessário, no mínimo, quatro meses para ficarem bons. Se o cachorro tem dois meses, com mais quatro de tratamento, já são seis meses; dessa forma, já cresceram.

 

Protetores independentes

Em 2003, a professora Leda Massarim se mudou para um bairro em Ribeirão Pires onde há bastante abandono de animais.

Um dia, na estação de trem, encontrou uma cadela toda machucada e com graves ferimentos na cabeça. Como sempre gostou de bichos, a professora levou o animal para casa. Começou assim, a atuação como protetora de animais. Hoje, ela tem quatorze cachorros e quatro gatos:

“Não sou acumuladora de animais, sou protetora. A preocupação é o bem-estar deles. Agora, se eu resgato uma ninhada com quatro filhotes, às vezes, três conseguem adoção, o outro não, eu acabo ficando com ele.”

– esclarece.

Leda conta que gasta, como protetora, cerca de R$900 por mês para oferecer alimentação, medicamentos e castração, por exemplo. Além dos animais da sua casa, há três anos ela ajuda a cuidar de dois animais que não são seus:

“Aqui na cidade, teve uma vez, em 2010, um ônibus itinerante equipado com centro cirúrgico. Foram 800 animais castrados; em um único dia, mais de 400 cadelas. A condição era o cachorro ter um dono. Uma pena que nunca mais aconteceu esse tipo de iniciativa, já que a Zoonoses não atende esses animais para castração.”

– relembra a protetora.

Em relação aos vizinhos, Massarim diz que demonstram receio de doenças, pelo fato de ela ter diversos cães, o que não se confirma na prática.

Por outro lado, eles têm cachorro comunitário. O “cão comunitário”  é assegurado pela Lei nº 12.916, sancionado em 17 de abril de 2008. De acordo com a legislação, compreende-se por “comunitário” o cachorro que estabelece laços de dependência e de manutenção com a comunidade em que vive, embora não possua responsável único e definido.

A protetora relembra, porém, de um caso que a deixou bastante indignada:

“Cuidávamos de uma cadela, os vizinhos a alimentavam. Ela era dócil. Quando um vizinho novo mudou para nossa rua, ela estava no cio. Para espantá-la da calçada, ele jogou óleo quente nela. Quando eu soube, levei ao veterinário, e cuidei dela em casa, mas, depois de algum tempo, ela morreu de parada cardíaca.”

– desabafa.

Além de promover o bem-estar animal, a ação de adotar é muito importante para os protetores. As feiras de adoção, em várias cidades da região, contam com grande número de cães e gatos à espera de um dono e um lar adequados.

O Clube dos Vira-Latas está aberto para adoções, doações em dinheiro, medicamentos, material de limpeza e higiene, dentre outros. Todas as informações estão disponíveis no site da ONG: www.clubedosviralatas.org.br.