Greve de médicos paralisa hospitais em Ribeirão

Por Rafael Ventura

 

Sala de espera da UPA completamente vazia.
Sala de espera da UPA completamente vazia.

Cerca de 70 médicos que atuam na Unidade de pronto Atendimento de Santa Luzia (UPA) e no Hospital São Lucas entraram em greve nesta segunda, 24, gerando paralisação parcial nos centros de saúde.

Somente casos de emergência foram atendidos durante toda a tarde, o que gerou indignação dos poucos desavisados que não sabiam da greve e foram até o UPA, para buscar atendimento:

“Caí em um buraco na rua e vim aqui para fazer o Raio-X. Aí, eles pedem pra esperarmos meia hora e, só depois, avisam que não vão atender”, reclamou Gorete Ferreira, que é moradora de Ouro Fino.

Outros munícipes que procuravam atendimento também não foram atendidos. Foram aconselhados a se deslocar até alguma UBS próxima de onde moram.

 

Tensão

Além da insatisfação dos munícipes, a paralisação também gerou uma guerra de acusações entre a Prefeitura e os grevistas.

De acordo com os grevistas, as estruturas estão completamente precárias, impossibilitando que procedimentos médicos sejam feitos com segurança. Entre as exigências, eles ressaltam que, por diversas vezes, não há alimentação ou medicamentos para os pacientes, além de toda a estrutura estar ultrapassada.

Já a Prefeitura alega que as estruturas estão ótimas para a realização do trabalho, e que a greve seria uma espécie de “pirraça” pela instalação de um ponto eletrônico para administrar os horários trabalhados, além de um corte de um bônus de 30% que era oferecido por assiduidade:

“Eles querem chegar e sair a hora que bem entendem, não é assim. Além disso esse corte de 30% será uma economia de R$ 5 milhões por ano para os cofres municipais”, disse Carlinhos de Jesus, diretor administrativo da UPA.

Para o Dr. Arí Wajsfeld, presidente do SINDIMED ABC (Sindicato dos Médicos do Grande ABC), o ponto eletrônico e o corte do bônus não são problemas:

“Se não concordássemos, pediríamos demissão e iríamos trabalhar em outro lugar. A verdade é que não existe condição saudável para o trabalho. Até um pombo morto dentro da caixa d’água já encontramos, fora os ratos comendo placenta e cordão umbilical.”, relata Wajsfeld, que também afirma que a greve não acabará até que as reivindicações sejam atendidas:

“A greve teve ponto inicial hoje, mas não tem data para acabar”.

A rede municipal de saúde de Ribeirão Pires conta com 107 médicos concursados, dos quais 70 são plantonistas – exatamente o grupo que entrou em greve nesta segunda-feira. Os demais profissionais atuam em unidades da Atenção Básica.

A UPA Santa Luzia atende cerca de 500 pacientes por dia. O Hospital e Maternidade São Lucas realiza, em média, dois partos diariamente.