A Seleção e o Brasileiro

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Fui até Itaquera torcer pela Seleção Brasileira contra Colômbia, pelas quartas de final das Olimpíadas do Rio. Confesso que estava um tanto temeroso quanto a atuação do time verde e amarelo por conta dos jogos passados, mesmo depois da goleada contra a Dinamarca, e também, porque a torcida paulista dificilmente recebe a equipe pentacampeã do mundo – aliás, quem não recebeu bem os torcedores foi a organização do evento, mas abordarei o assunto mais abaixo -.

Fazia tempo que não via alma na Seleção. Não me recordo de um time brasileiro se impondo com raça e técnica sobre um adversário. Havia uma expectativa absurda em 2006 por conta de nossos craques, mas não jogamos bola. O time de 2010 era fraco tecnicamente, enquanto o de 2016 era emocionalmente, taticamente e não tinha alma. O leitor pode achar as comparações estranhas, já que, estou comparando equipes que disputaram mundiais com uma olímpica. No entanto, o que falo aqui é de raça, vontade, garra. Fazia tempo que não via um time brasileiro vestir a camisa verde e amarela como deveria. Neymar, Marquinhos, Wallace, Gabriel Jesus, Zeca, foram muito bem e mostraram que o Brasil, mesmo com uma desorganização absurda, tem um bom futuro no futebol.

Essa vontade contagiou toda a torcida que estava nas arquibancadas da Arena Corinthians, que apoiou os brasileiros contra os colombianos do começo ao fim. Os torcedores e jogadores jogaram juntos, como há muito não se via. Foi bonito. A seleção perdeu um pouco do encanto por causa do 7 a 1 e por conta das pífias gestões do futebol tupiniquim, no entanto, o amor de muito pela camisa verde e amarela continua ali. E quando esse apoio se reflete em vontade e determinação dentro de campo, o triste passado recente acaba sendo esquecido.

O Brasil ganhou da Colômbia na bola, coisa que os colombianos não souberam jogar. Preferiram a catimba e o jogo desleal, mas o futebol bem praticado prevaleceu. Agora, que venha Honduras – e quem sabe, a Alemanha na final -.

Quanto a organização

O jogo do começo ao fim foi ótimo, já a organização, foi extremamente lamentável. Fui de carro até Itaquera, já que, não havia garantias de que todas as linhas da CPTM funcionariam após o término da partida. Da avenida Itaquera à Arena, leva-se, em média, 15 minutos a pé. Um caminho tranquilo e com policiamento excelente. Mas, para entrar no estádio, era preciso voltar para o Terminal e fazer todo o percurso até o estádio, acabamos levando 40 minutos. Muitas pessoas que chegaram com uma hora de antecedência foram entrar no estádio com o jogo para começar.

A saída foi pior. Mais de 40 mil pessoas foram direcionadas para a estação da CPTM e do Metrô, mesmo aqueles que não precisariam passar por ali. O caminho de 15 minutos passou a ser de uma hora. Uma decisão extremamente infeliz e que passados sessenta minutos, policiais de maneira “brilhante” decidiram fazer o óbvio e liberar a torcida para tomar o caminho que quisesse, seja metrô, trem ou estacionamentos da região.

A torcida recebeu a Seleção muito bem, já a organização tratou os torcedores como qualquer coisa, como se nós não fizéssemos parte do espetáculo.